quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Hernia diafragmática em cães e gatos

Curso de Radiologia 4º semestre do 
Centro Universitário de Santo André Anhanguera  

Professa: Nathalia Roncada 
Santo André 
10/2015
INTEGRANTES: 
DENISE PESSI
FABRICIA DE SOUZA ALMEIDA
HIGINIA DEOGRACIAS MARTIN CABRERA
JUCILENE BUGADA MARCULINO
KAMILA ESTRELA FLORES DA SILVA
SUELEN FADINI DUARTE CAMARGO

Introdução:
No decorrer desta pesquisa, falaremos sobre a Hérnia Diafragmática, uma patologia comum entre cães e gatos, a qual pode ocorrer devido a algum trauma, como também pode ser congênita.
Essa patologia tem como melhor meio de diagnóstico, exames por imagem, como por exemplo, a radiografia de tórax e a ecografia, onde será visto como são realizados os mesmos, o que aparece de diferente nas imagens devido à hérnia diafragmática e a importância de cada um deles para um diagnóstico preciso da doença.



Hérnia Diafragmática
A hérnia diafragmática pode ocorrer tanto em cães como em gatos, é uma ruptura do diafragma, onde pode ocorrer deslocamento de um órgão abdominal para a cavidade torácica, ocasionada por um trauma e, em alguns casos ocorre de forma congênita. Acredita-se que um aumento súbito na pressão intra-abdominal (quando acompanhado por uma glote aberta) produza uma ruptura no diafragmático.
Quando a glote se abre os pulmões se esvaziam, resultando em um grande gradiente de pressão entre as cavidades abdominal e torácica, causando consequentemente a ruptura do diafragma em seu ponto mais fraco. As mesmas alterações súbitas de pressão em um animal com uma glote fechada são mais prováveis de criar um aumento uniforme na pressão através de ambas as cavidades abdominal e torácica, colocando o estresse máximo no parênquima pulmonar e daí resultando em um pneumotórax.
A hérnia diafragmática e o pneumotórax ocorrem simultaneamente em muitos pacientes traumatizados, e as lesões resultantes podem representar o grau ou a rapidez das alterações de pressão transdiafragmáticas contra a dinâmica do fluxo através das vias aéreas condutoras. A alteração de pressão abrupta geralmente se deve a um impacto súbito.
Animais com hérnias diafragmáticas têm dificuldade respiratória por várias alterações intercorrente. A perda da continuidade do diafragma isolado raramente é responsável pela dispneia, mais comumente, a dispneia é o resultado de um choque hipovolêmico, de um traumatismo na parede torácica, de um preenchimento do espaço pleural, de contusões pulmonares e de uma disfunção cardíaca.
Animais com hérnia diafragmática já há algum tempo podem ter aderência dos órgãos entre si que vai dificultar muito mais a recuperação.



Diagnóstico
A hérnia diafragmática utiliza como principal meio de diagnóstico, a radiologia veterinária, onde são realizados os seguintes exames: a radiografia do tórax, a ecografia, a pneumoperitoneografia, e a peritoneografia de contraste positivo.
É de grande importância entender como são realizados cada um dos exames acima e, o papel dos mesmos para um preciso diagnóstico.


Radiografia do Tórax:
A radiografia de tórax serve para avaliar as estruturas presentes neste compartimento do corpo. Quando os raios atravessam completamente o corpo, sem resistência, o filme ficará preto, enquanto que se os raios forem todos retidos, ficará totalmente branco. 

Os ossos fazem o filme ficar bastante branco, mas estruturas maciças como o coração também o fazem, em menor intensidade. O pulmão apresenta-se escuro, pois haverá muito ar neles e, portanto, quase não haverá resistência. 
A radiografia do tórax é imprescindível para confirmação do diagnóstico de hérnia diafragmática, sendo obrigatória sua realização quando existe a suspeita de um traumatismo torácico. 
Os aspectos que serão analisados na imagem é a silhueta diafragmática, que fica incompleta na maioria dos casos, e também a presença de alças intestinais preenchidas por gás na cavidade torácica.
As radiografias contrastadas promovem maior desconforto respiratório e são indicadas somente quando a radiografia simples não for confirmativa e a ultrassonografia não estiver disponível.
As incidências do tórax que utilizadas para o diagnóstico dessa patologia são: 
- Radiografias de tórax: 
   
 
Figura 1- Ventro-Dorsal (em decúbito dorsal) 



 Figura 2 -Latero-Lateral (em decúbito lateral direito)


                                                                                                                                              Nas figuras 1 e 2, podemos observar a perda da continuidade da linha diafragmática, a silhueta cardíaca mal definida, a presença de contusão pulmonar e algum grau de efusão pleural.


Ecografia:
A ecografia é um exame de imagem, que junto com a radiografia de tórax, pode confirmar o diagnóstico de Hérnia Diafragmática, sendo a mesma por ruptura ou congênita. Por ser um exame com grande precisão e não invasivo, ele é por vezes um dos mais indicados para essa patologia.
A ecografia permite ao cirurgião um melhor conhecimento dos tecidos esperados na hérnia, podendo assim ter uma melhor preparação para a cirurgia, evitando imprevistos.
Tem-se mostrado benéfica também nos casos cujos sinais radiográficos mostram apenas um aumento da silhueta cardíaca em geral e um ângulo cardio-frénico indistinto. É também um meio rápido e de fácil execução para a detecção de massas intrapericárdicas, possibilitando a distinção entre tecido sólido e fluido, permitindo simultaneamente a avaliação secundária da função cardíaca. É necessário ter em conta que o diafragma propriamente dito não é visualizado, mesmo em animais normais. Apenas a interface hiperecogénica entre os pulmões cheios de ar e o fígado hiperecogénico identificam a sua localização. Assim, se houver descontinuidade desta ecogenicidade curvilínea, podemos estar diante de uma hérnia diafragmática, sendo possível observar, concomitantemente, o deslocamento de órgãos abdominais para o tórax.
Muitas vezes estas hérnias diafragmáticas acompanham-se da presença de fluido pleural ou abdominal, fenómeno que melhora substancialmente a capacidade de diagnóstico da ecografia, uma vez que o fluido funciona como contraste, realçando o contorno hiperecogénico do diafragma.
Para um diagnóstico preciso, é de grande importância que quem execute o exame esteja preparado e saiba diferenciar as estruturas anatômicas na ecografia, evitando um diagnóstico errôneo, e a realização de uma cirurgia desnecessária.
       

Figura 3

Figura 4

Figura 5

Figura 6



 Nas imagens acima (figuras 3, 4, 5 e 6) podemos notar os seguintes aspectos encontrados na ecografia, de cães e gatos com Hérnia Diafragmática: 
- Espessamento da parede da bexiga. Presença de conteúdo vesical isoecóico com a parede, com ausência de doppler, imagem compatível com coágulos sanguíneos
- Presença de vísceras abdominais (fígado) na cavidade torácica.
- Presença de parênquima pulmonar consolidado compatível com contusão pulmonar.

Pneumoperitoneografia:
A pneumoperitoneografia é um dos métodos auxiliares no diagnóstico das alterações do trato urinário, através de um contraste negativo, permite melhor visualização dos órgãos abdominais, É possível visualizar estruturas renais, com compressão simultânea do abdome e demais órgãos tais como: fígado, baço, rins, rins, ureteres, bexiga, colo ascendente, estômago, veia cava caudal, aorta abdominal.
Esta técnica é associada à urografia em volumes respectivos de 800mg/kg e 80ml/kg de contraste, não apresenta riscos aos cães.
Normalmente recomenda-se usar a pneumoperitoneografia, após a urografia excretora.
Diagnóstico: São usados substâncias contrastantes, para evidenciar com mais detalhes os órgãos urinários e suas alterações, como, por exemplo o rim direito que é visualizado raramente e o rim esquerdo que é visualizado 50%, o tamanho ou forma anormal do rim.
A pneumoperitoneografia permite a visualização da silhueta renal em ambos e é possível constatar problemas renais como o rim submetido e nefrectomia parcial.
Tem grande indicação para demonstração de órgãos, neoplasias abdominais, aderência não visualizadas pela radiografia simples,como é o caso da Hérnia Diafragmática, que pode causar essas aderencias entre os órgãos, caso não tratada rapidamente e, acumulação excessivo de líquido peritoneais.

Peritoneografia:
Esta modalidade está descrita em cães e gatos para avaliação radiográfica das vísceras abdominais e como ajuda no diagnóstico de HD, principalmente nos casos suspeitos não passíveis de serem confirmados por outros meios de diagnóstico (como a radiografia simples e a ecografia). É mais rápida, menos invasiva e apresenta menor risco de complicações que outras técnicas de radiografia de contraste. Na sua vertente de contraste positivo, é também mais sensível que a ecografia, especialmente em casos em que a solução de continuidade diafragmática é pequena. É um procedimento simples, seguro e que apenas requer equipamento básico. O estudo inicia-se injectando na CP um meio de contraste iodado hidrossolúvel, iónico ou não iónico. Este último, de que é exemplo o iohexol, é considerado mais seguro, uma vez que tem um potencial osmótico mínimo (daí serem considerados de baixa osmolalidade). Seguidamente, o animal é posicionado de modo a permitir a passagem do meio de contraste do peritoneu para o saco pericárdico ou cavidade pleural, ou de forma a delinear, apenas, a superfície abdominal do diafragma. A passagem do contraste para a CT confirma a ruptura do mesmo (figura 7). No entanto, se o hiato for pequeno ou se encontrar obstruído, o estudo pode não ter sucesso, devido à impossibilidade da deslocação do meio de contraste. Apesar de ser considerada uma técnica segura, existem algumas contra-indicações à realização da mesma. Assim, um animal com peritonite, hipovolémia, insuficiência renal ou hipersensibilidade ao meio de contraste não deve ser submetido ao exame, uma vez que a maioria dos meios injectáveis é rapidamente absorvida pela CP e excretada primeiramente pelos rins. Outras características que a colocam em desvantagem relativamente à ecografia são a necessidade de anestesia geral (que a torna impraticável em animais que não possam ser anestesiados) e o seu uso limitado, devido à ocorrência de resultados falso-negativos.

Figura 7 – Projeção lateral do diafragma de um gato com HD, obtida após injecção intraperitoneal de iohexol. Observa-se uma protuberância em forma de saco, realçada pelo contraste, na região caudal da cavidade torácica.

Estes, como descrito acima, podem surgir se os órgãos ou aderências (fibrosas ou do omento) existentes obstruírem, parcial ou totalmente, a malformação diafragmática e impedirem o fluxo de contraste para o tórax (figura 8). Por outro lado, também podem conseguir-se resultados falso-positivos se houver uma hérnia paracostal (uma HDPlP), com um rasgo intercostal que permita a entrada do contraste na cavidade pleural sem passar pelo diafragma, se o contraste for injectado inadvertidamente no tórax ou se houver contaminação do pêlo do animal ou da mesa de radiografia. Relativamente aos meios de Figura 1 – Projecção lateral do diafragma de um gato com HD, obtida após injecção intraperitoneal de iohexol. Observa-se uma protuberância em forma de saco, realçada pelo contraste, na região caudal da cavidade torácica. O contraste, é necessário ter também em conta algumas das suas propriedades. Em primeiro lugar, a presença de fluido pleural dilui o meio de contaste, podendo, por isso, ser necessário proceder à sua drenagem antes de iniciar o procedimento. Para além disso, aparentemente o contraste pode ser irritante para alguns pacientes, independentemente da temperatura a que se encontre no momento em que é injectado. No entanto, sempre que possível, deve ser pré-aquecido à temperatura corporal. Por último, deve ter-se em conta que não está recomendada para este exame a utilização de iodeto de sódio, sulfato de bário ou iodetos orgânicos para administração oral.

Figura 8 – Peritoneografia de contraste positivo de um gato com HD. Devido à presença de aderências que obstruem a ruptura diafragmática, o meio de contraste não se desloca para o tórax, sendo o resultado um falso-negativo.

Conclusão:
A partir dessa pesquisa vimos como ocorre a Hérnia Diafragmática e, como ela pode se manifestar em cães e gatos, desde seus sintomas como também as possíveis complicações. Foram feitas a analise de algumas imagens de exames radiológicos, como a radiografia de tórax e a ecografia (que são os principais exames para descobrir a patologia), observamos as alterações que podem aparecer nas imagens, o que se deve observar quando se há suspeita de Hérnia Diafragmática. Vimos também a grande importância das imagens radiológicas para se alcançar um diagnóstico preciso dessa patologia.
Com isso, podemos concluir que a radiologia vem ganhando grande espaço e importância na área veterinária, evitando métodos invasivos, erros e cirurgias desnecessárias e, servindo também de grande auxilio para o diagnóstico preciso de diversas patologias, dentre elas a hérnia diafragmática, a qual foi apresentada no decorrer dessa pesquisa. 

Referencias Bibliográficas:
http://www.cachorrogato.com.br/cachorros/radiografia-caes-gatos/
Acesso em: 13 de setembro de 2015 as 13:30h

http://www.hvg.pt/caso_clinico.php?id=2
Acesso em: 15 de setembro de 2015 as 10:20h

https://www.portaleducacao.com.br/veterinaria/artigos/27785/hernia-diafragmatica-animal
Acesso em: 18 de setembro de 2015 as 14:15h

http://go.microsoft.com/fwlink/p/?LinkId=255142
Acesso em: 20 de setembro de 2015 as 18:30h

https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/3773/1/Hernias%20Diafragmaticas%20Congenitas.pdf
Acesso em: 21 de setembro de 2015 as 13:40h

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